“Você sabe quanto lixo produz por dia?”, com esta provocação, a diretora do Ponto Focal GRI no Brasil, Gláucia Térreo iniciou sua apresentação no 2o Fórum de Sustentabilidade realizado em Chapecó na segunda-feira, 4. Ela respondeu estimando que cada pessoa produz cerca de um quilo de lixo por dia e cada residência gera uma tonelada e meia por ano. “Se conseguimos identificar esses indicadores e reduzi-los a cada ano, estaremos fazendo a nossa parte e contribuindo com o planeta”, disse. Durante o 2º Fórum de Sustentabilidade, promovido pelas Associações Comerciais e Industriais de Chapecó (ACIC) e de Joaçaba (ACIOC), Celulose Irani S/A e Unoesc, ocorreu o lançamento estadual da G4, a nova geração de diretrizes do sistema GRI (Global Reporting Initiative) para publicação de relatórios de sustentabilidade. O evento contou com apoio da Nord Electric, FACISC, FIESC e GRI. Glaucia chamou a atenção que para ter uma “gestão empresarial mais robusta” é fundamental considerar, além dos indicadores financeiros, os sociais e ambientais. “O mercado já está exigindo isso das empresas e essa exigência tende a aumentar”, prevê. Entre outros aspectos, a diretora apresentou os princípios dos relatórios indicados pela GRI que contemplam o contexto da sustentabilidade, a inclusão dos stakeholders (públicos de interesse), materialidade e completude. Além disso, a indicação de qualidade de um documento/ relato de sustentabilidade é medida por características que indicam equilíbrio, tempestividade, clareza, comparabilidade, exatidão e confiabilidade. Sobre a G4, que foi lançada durante o evento, Glaucia explicou que não se trata de uma nova ferramenta, mas do aprimoramento das diretrizes da GRI com maior rigor técnico, as quais incluem temas como governança corporativa, ética, integridade e cadeia de fornecedores. Além disso, ela ressaltou que as tendências internacionais apontam para relatórios eletrônicos e maior número de relatos nos mercados emergentes. O evento contou com painel no qual participaram representantes de empresas de Santa Catarina que já utilizam a metodologia GRI para construção de seus relatos de sustentabilidade. De acordo com a analista de sustentabilidade da Celulose Irani, Bruna Camassari da Silva, a empresa fez seu primeiro relato em 2004 e percebeu a importância dele para a gestão. Contando com total apoio da alta direção da Celulose Irani, Bruna disse que a integração de todas as áreas é fundamental para construção do relatório e destacou que o princípio da humildade é indispensável para o desenvolvimento de práticas sustentáveis e, consequentemente, da construção do relato. A gerente de marketing da Tirol, Schirlei Osmarini, apontou que o crescimento da empresa e a exigência por parte dos clientes acelerou o processo de construção do relato na empresa. “Já havia a intenção de fazer o relatório, mas fomos pressionados pelo mercado a agilizar o processo”. Ela recomendou que se invista tempo na reflexão e sensibilização de todos os envolvidos antes de iniciar o relato. De acordo com o analista da Dudalina, Bruno Luz Martins, o diferencial está no fato de o relatório ser construído por quem está na empresa, por ser quem vive o dia a dia da organização. Segundo ele, a empresa utiliza a metodologia GRI desde 2009, o que auxiliou no processo de internacionalização da marca. Ele citou o projeto social desenvolvido pela Dudalina que beneficia mais de 400 entidades com a doação de retalhos. “O que antes era lucro da empresa, agora é lucro social”, observou. Sobre relatar as práticas de sustentabilidade, Martins julga a fase de investimento em tempo para treinar a equipe como o maior desafio. Também fez parte do painel, o diretor presidente da Nord Electric, Nelson Eiji Akimoto. O empresário chapecoense diz que mais do que relatar as práticas desenvolvidas, o relatório passa a ser ferramenta de gestão e vira referência para o que se fará no futuro. Akimoto enalteceu o engajamento da equipe que faz parte da Nord Electric em ações sociais e de voluntariado. Ele recomendou o livro “Estratégia para a Sustentabilidade” do autor Adam Werbach. Entre outros pontos, Akimoto falou da importância de valorizar e promover a sustentabilidade que, com isso, a valorização e reconhecimento chegam à empresa, e não o contrário. GRI A Global Reporting Initiative, ‘GRI’, promove a elaboração de relatórios de sustentabilidade que pode ser adotada por todas as organizações. A GRI produz a mais abrangente Estrutura para Relatórios de Sustentabilidade do mundo proporcionando maior transparência organizacional. Esta Estrutura, incluindo as Diretrizes para a Elaboração de Relatórios, estabelece os princípios e indicadores que as organizações podem usar para medir e comunicar seu desempenho econômico, ambiental e social. A GRI está comprometida a melhorar e aumentar continuamente o uso de suas Diretrizes, que estão disponíveis gratuitamente para o público. A GRI, uma Organização Não-Governamental composta por uma rede multistakeholders, foi fundada em 1997 pela CERES e pela Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). Em 2002, a GRI mudou-se para Amsterdã onde atualmente está sediada a Secretaria. Ela conta também com os representantes regionais, os Pontos Focais (Focal Points) nos países: Austrália, Brasil, China, Índia e Estados Unidos e uma rede mundial de 30.000 pessoas.
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